sábado, 17 de agosto de 2024

 


Foi assim o início do torneio da vaca

…ainda podemos jogar?

- Agora já não dá, já fizemos o sorteio e já começou o torneio…

 Sou interrompido por outros dois indivíduos

-Ainda podemos jogar?

-Claro que podem, a vossa equipa adversária está aqui a falar comigo!

De 172 equipas passou à soma final de 174. Iam estar 348 pessoas a jogar à sueca no pequeno Centro Cultural e Recreativo de A-do-Neves. É juntar os acompanhantes, o staff, e tínhamos perto de 500 pessoas em pouco mais de 150 metros quadrados. Para ajudar ainda tinha outro pormenor. Tinha segunda volta… quem era eliminado na primeira ronda, entrava num outro sorteio para um prémio menor. Tinha tudo para correr bem… ou não!!


Introdução feita, vamos lá aos pormenores


Tinha tomado posse da direção do Centro em 2003. Nesse ano fizemos um torneio de sueca, englobado nas festas de Verão, com bons prémios. O primeiro lugar eram 4 borregos, já em comparação com outros torneios da zona, eram um luxo. Se não estou em erro, pouco mais de sessenta equipas. O que para a época era muito bom. Mas faltava qualquer coisa que inovasse… faltava qualquer coisa… faltava um golpe de asa. Tive a ideia da vaca, e lembro-me de pedir encarecidamente a toda a gente que contei que não divulgassem nada. Não podíamos correr o risco de ser copiados numa qualquer data antes. Todos cumpriram. A “bomba” só veio ao mundo quinze dias antes nos prospetos da festa. Era o assunto do momento. O torneio da A-do-Neves ia ter uma vaca no primeiro prémio… não ia ter uma, ia ter duas!!! Na mesma altura que tive a ideia da vaca, apareceu um prolongamento da mesma ideia …pusemos na rua seiscentas rifas para um sorteio de outra vaca… ah pois é! Foram duas!!!


Foi um dia longo. “Cuidar” de tanta gente num espaço tão pequeno não era tarefa fácil. Lembro-me que grande parte do staff perdeu a voz. Lembro-me do responsável do bar, o Zé Manuel, que infelizmente já não está cá, me dizer passadas pouco mais de duas horas do início do torneio. “Já não temos comida nem bebida, não há nada!!!”. Lembro-me de um atrito ou outro, sempre resolvido sem conflito.


Demos o valor monetário da Cornélia e da Mimosa aos vencedores do torneio e do sorteio. Não houve sacrifício animal.


Com todas as outras atividades da festa a darem um extraordinário contributo, o bar, a bilheteira, a quermesse, o torneio da malha, tiro aos pratos, etc, etc. Fizemos a melhor festa de sempre. A culpa foi da Cornélia e da Mimosa!! Não foi, a culpa é da A-do-Neves!


Veio do início dos anos oitenta a tradição de fazer festas de Verão. Um dos meus primeiros trabalhos foi recolher garrafas durante os eventos. Já com o meu irmão na direção, demos início à aquisição de uma antiga taberna/mercearia (devoluta), para construir aquele que é hoje o Centro Cultural e Recreativo de A-do-Neves. Tivemos (muita) ajuda das entidades públicas, Junta de Freguesia e Câmara Municipal. Mas a maior ajuda foi da A-do-Neves


Há uns tempos organizámos uma São Silvestre. Tivemos 300 pessoas a comer de borla no pós corrida no centro. Qualquer coisa impensável. A culpa é deste ou daquele… não, a culpa é da A-do-Neves



O exemplo esclarecedor de que a culpa é mesmo da A-do-Neves foi o jantar comemorativo do 20º aniversário do torneio da vaca.


Apareceu a ideia de fazer o almoço, divulgamos à população e a resposta foi o centro cheio. Em pleno mês de Agosto, mês de férias. Uma grande parte não mora atualmente na aldeia. As pessoas alteraram a vida delas para estarem presentes. Acreditem se quiserem…ainda sobrou dinheiro para comprar mais equipamento para o centro!!! Pessoas boas, gostam de receber bem, não se importam de trabalhar desinteressadamente. A culpa é mesmo da A-do-Neves!!



Como é óbvio havia mil histórias para contar, mas resumi o mais que pude para deixar este bocadinho no arquivo.