quinta-feira, 25 de outubro de 2018

TCS Amsterdam Marathon 2018, que bela viagem!!!

A maratona do ponto de vista de um atleta de baixa competição!

Ainda estou um pouco incrédulo com esta prova… Pode ser que a escrita, me ajude a clarificar coisas.

A maratona de Amsterdão, dia 21 de Outubro 2018, começou no início de Dezembro de 2017. Tinha ido  a sorteio para Berlim no fim de Outubro, e não fui contemplado. Antes de saber o resultado já  tinha uma  alternativa em carteira, TCS Amsterdam Marathon 2018. À priori, quer uma quer outra prova, teriam a companhia do Eduardo e da Bárbara. Sugeri-lhe a aventura, e eles gostaram da ideia. Haveria uma parte que era a maratona e a outra, a possibilidade de ficar a conhecer uma capital europeia. Por altura de Helsínquia 2018 em Maio, já estava tudo mais do que reservado e marcado. Mas uma coisa é a programação logística, outra são as variantes humanas que temos de ter em conta.

Tenho na minha posse uma ideia concreta do que é cumprir um plano de treinos durante o Verão, já o cumpri por causa das 24 horas a correr em Vale de Cambra em 2016 e 2017. Se juntar as altas temperaturas, ao maior volume de trabalho, torna-se numa missão quase impossível.

Ao contrário do ano anterior, não parei em Junho. Mas não deixei de descansar da corrida. Não fiz um único treino esforçado, só manutenção. Abri as hostilidades em Peniche, na corrida das fogueiras. 15 km a saírem rápidos demais para a altura do ano (3:55 km), sem fazer grande coisa por isso. Se calhar foi porque gostei muito da prova. Cinco estrelas!

Com um Julho frio para a época, foi fácil arranjar alguns treinos regulares. Coisa que o mês a seguir já não permitiu. Cumprir um plano de treinos no Agosto deste ano, só quem estava de férias, ou consegue treinar de manhã cedo antes de ir trabalhar, não é o meu caso. De resto, é impossível. “Desisti" do plano durante este período. Quando podia... Fazia kms… Só isso, fazia kms. Quando arquiteto um plano de treinos, tem que obedecer a algumas regras. Por exemplo, não faço um treino técnico num dia, sabendo que é impossível fazer recuperação no dia a seguir. O que faço quando não tenho certezas do calendário? Foi o que disse antes, faço kms… Só para manter a máquina ligada.

Acontecesse o que acontecesse na Holanda, o ano de corridas já estava composto. Apresentava no portfólio, Barcelona 2018 e Helsínquia 2018. Isso foi bom, tirava alguma carga negativa que pudesse aparecer.

Controlamos a  logística, mas não controlamos a parte humana. Ah pois é!!!

Um dos passageiros desta viagem esteve até à última da hora à espera do “visto", para voar. E porque esta foi também a maratona deles, vá lá um pouco da história da coisa. Sim, porque isto não é só corrida!

O Eduardo teve um ano um pouco atribulado ao nível de saúde. O surgimento de pneumotoraxs fez com que tivéssemos que dividir algumas alturas  do ano entre as enfermarias do Hospital de Beja e do Hospital de Santa Marta em Lisboa. Foram  períodos conturbados. É  muito difícil ver um filho numa cama de hospital sem que possamos fazer nada. Na altura de algum desespero de lidar com os timings de espera pelas evoluções e soluções de todo o processo, era ele que tranquilizava os pais. Incrível a forma de lidar com adversidades. Como cheguei a escrever na altura, foi utilizar as duas palavras, pelo menos para mim, mais importantes numa maratona. Resistência e resiliência, só que num outro contexto.
Foi uma enorme lição de vida, e de quem está tão, tão perto de mim. Juntando todos os episódios ao longo do ano letivo, fez com que ele perdesse dois meses (!!!) de aulas. Não desarmou, com a capacidade de trabalho que lhe é conhecida, conseguiu manter as notas no nível quadro de honra, nível que tem desde o primeiro ano. Dia 20 de Agosto a última cirurgia e a autorização médica para poder viajar de avião. Foi mesmo no limite do período de espera necessário. Por tudo e mais alguma coisa, ninguém merecia mais do que ele ir a Amsterdão. Amsterdão ou onde ele quisesse ir!

Quem merecia ir a seguir? Pois claro, a princesa Bárbara. Felizmente a saúde dela não lhe trouxe nenhuma contrariedade ao longo do ano. Ao nível escolar a menina é copy paste do irmão. Trabalho e dedicação garantido no que for que ela participe. Tem uma energia inesgotável. É uma menina “Tornado". Não deixa ninguém indiferente por onde passa. Ou pelos desempenhos, ou porque é bonita, ou muito bonita, ou tem a risca ao meio, ou tem a risca ao lado, ou o tom de pele, ou o cabelo, ou os olhos, ou tudo e mais alguma coisa!!! Ainda é muito pequena, utilizando linguagem meteorológica, tem tudo para ser um F5. No sentido metafórico claro, nada a ver com destruição, é o carinho em pessoa. Se bem que tenho que reconhecer, herdou uma coisa do pai. Quando são pessoas fora do círculo, tem uma “simpatia estranha”. O pai já corrigiu um pouco esse “feitio”, ela seguirá o seu caminho. Tal como disse do Eduardo, esta menina merece ir onde ela quiser.

E pronto, tinha que escrever sobre estes companheiros de viagem, como disse, esta era também a maratona deles. E reitero, isto não é só corrida!

E Setembro tudo mudou. Trouxe acalmia à alcateia. Umas retemperadoras férias, tempo e temperaturas para treinos. Ainda ia a tempo de preparar minimamente os ossos para o que aí vinha.

O tentar concentrar o máximo possível o treino em Setembro, trouxe algum cansaço aos membros inferiores, sentia as pernas pesadas. Consequentemente dúvidas, se não estaria a sobrecarregar, se não devia aliviar, se isto, se aquilo, se o raio que me parta!!! A ideia principal que corria a mente era… “Ainda tens o princípio de Outubro para “sacudir” esse peso das pernas". Assim aconteceu, a primeira semana de Outubro só  recuperação ativa. Com o epílogo a ser a meia- maratona de Lisboa em ritmo de treino rápido. Sem ter autorização do “treinador” para forçar nadinha. Muitas, muitas cautelas... Experimentem levar dois filhos na “bagagem” duma aventura e logo veem se não duplicam as cautelas!!! Para ser sincero, só agora com o devido distanciamento percebo que não é só a necessidade que aguça o engenho. A responsabilidade também!!!

Refletindo um pouco... Penso que nunca tinha escrito tanta letra sobre corrida…

A maratona em si foi o reflexo da preparação, muitos cuidados de princípio ao fim. Beneficiando de um percurso com poucos desníveis e temperatura ideal para correr. Como já vem sendo hábito, fiz a primeira meia maratona sem olhar para o relógio, só por sensações. No meio da prova temos o pórtico, somos obrigados a ter informação. A diferença das outras provas, foi que à passagem do km 21 negociei comigo que só voltaria a olhar ao relógio ao km 38. Aos 37 alterei o negócio para os 40, e aos 40 alterei para a reta da meta. 41 kms e 500 m sem consultar o tempo. Fiquei a 26 segundos do recorde pessoal, de Roma, ao nível da corrida. Mas tempo sem olhar ao relógio… Foi mesmo recorde… Mas muito!!!
Este hábito de não olhar para o relógio começou no Porto em 2016. Não tinha certezas da preparação, e decidi ir ao sabor do vento a primeira parte da maratona. Como correu bem (2:50)... Certezas era mesmo o que eu não tinha agora, portanto era utilizar a mesma estratégia, só que aumentada. Fiz a primeira meia em 1:24:20, e a segunda em 1:24:15. Tudo isto às escuras...Nada mau ãããnnnhhh!!!
É capaz de ter os tais espectadores no estádio à minha espera possa ter tido alguma influência neste tempo. Disse ao Carlos minutos antes da maratona, que em princípio sairia 2:54. Sentia-me idêntico a Barcelona, muitas dúvidas… Por isso disse o tempo que fiz na prova Catalã. Vai na volta foram mesmo os espectadores do estádio Olímpico de Amsterdão que baralharam as contas!!! Quem é que sabe?



Agora é altura de desfrutar e descansar. Corrida mais a sério só em 2019. Barcelona 2018, 2:54, Helsínquia 2018, 2:55, Amsterdão 2018, 2:48. É capaz do desastre que foi a programação de 2017, ter tido efeito neste 2018. Muito cuidado e ponderação nas escolhas.

Escrevi isto tudo e não fui atropelado por um/uma “andador/a” de bicicleta… Ser peão em Amsterdão… Não é fácil!!! É ser peão, e tirar fotos em zona “I amsterdam”!

As cidades estão pejadas de turistas. Veja-se a nossa Lisboa e o nosso Porto. Não vou criticar, longe disso. Só acho que as cidades tem que por a mão por dentro da boca, agarrarem nos intestinos e virarem-se do avesso. Se esta esta imagem  é  muito agressiva, eu dou um nome mais simples… Reinvenção!!! Se não for o foco principal das grandes cidades, dentro de pouco tempo, não vai ser turismo. Vai ser safari urbano… Vai ser?!...

Amsterdão,  na sua essência tem o “estilo” nórdico, mas com muito mais  influência latina do que Helsínquia.  Gostei muito da cidade… Entretanto ainda não fui atropelado por uma bicicleta… Só o aspeto da má gestão de alguns espaços. À cabeça a anarquia que reina nos passeios/ciclo pistas.  Mas também sei que é muito mais fácil falar do que fazer. Por isso estão mais que desculpados. Fomos muito bem tratados em todo o lado, em relação ao trato, nada a apontar.

A brincadeira de ainda não ter sido atropelado, é  mesmo a sério. Há bicicletas a andar por todo o lado. Mas desenganem-se os que pensam que eles gostam de andar de bicicleta. O povo holandês gosta mais de correr como hobby, do que ciclismo. A questão das bicicletas é uma questão de mobilidade e poupança. Imaginem a facilidade de deslocação e estacionamento dentro duma cidade a muito baixo custo, quando comparado com um carro… Não tem nada a ver. Ainda por cima não há desníveis, é sempre a andar. Aquela rapaziada em cima duma bicicleta, tornam-se nuns selvagens, tal como nós fazemos cá  dentro dum carro. Achamos que somos os maiores...

Como é óbvio isto são constatações depois de sentir o pulso da população. É uma disciplina que temos na Universidade dos Pernetas, no primeiro ano de curso. “O pulso conta". Porque é que acham que os Trilhos dos Pernetas são um sucesso? Nós estudamos a sociedade… (Nã, não estudamos!!!).

Voltando ao “I amsterdam”. São letras com dois metros de altura, que estão na chegada a Amsterdão , no aeroporto Schiphol,  e na frente do maior museu da Holanda, o Rijksmuseum. Excecionalmente, tinham na chegada da maratona, perto do estádio Olímpico. Agora a arte não é tirar uma foto, é tirar uma foto sem muitas pessoas… No Rijksmuseum, então é melhor nem imaginar essa possibilidade.
Parecem árvores na selva cheias de macacos, e macacas (risos), nada de diferença de género…

Quem não tem cão, caça com gato. Eu teimei que tinha que tirar uma foto perto das letras sem ninguém… E consegui. Só que foi em Lagoa!!! Então?! O que é que Amsterdão tem que Lagoa não tem?!?!
Eles tem o Rijksmuseum, nós temos o auditório Carlos do Carmo… Vá Lagoa não tem o museu Van Gogh, a Heineken Experience, a casa onde Anne Frank escreveu o diário, escondida dos nazis, os canais, lojas públicas onde se vendem substâncias que potenciam o riso, distritos com linhas vermelhas (que tradução!!!). Vá… pode haver uma diferença ou outra.
Mas eles também não tem as grutas de Benagil!!! Tomem lá ...Seus “andadores" de bicicleta sem regras!!!

17:40 da tarde, Domingo dia 21 de Outubro, dentro do avião, no aeroporto de Schiphol. Após três dias em Amsterdão. Qual a pergunta da minha filha? Pai, achas que ainda dá para andar no “Kanguru" da Feira de Castro? Mas a sério Bárbara!!! Só por esta pergunta, tenho que me insurgir… Mas que raio de ideia é essa de marcarem corridas no fim de semana da Feira de Castro? Não faz sentido nenhum... Há três anos que não faço, a já secular meia maratona, Almodôvar/Feira de Castro, por causa de certas e determinadas provas. Está mal. Uma meia maratona  que está há tempos à espera da  sua segunda edição…

Pois claro que ainda demos uma volta de “Kanguru”, na feira de Castro. Nem a rapariga descansava como deve ser se assim não fosse!

Tenho confidenciado em alguns sítios que tão breve não voltaria a correr em Portugal, maratonas, entenda-se. Já sou repetente em Lisboa e Porto, por isso não estava no horizonte voltar a correr em território nacional. Mas tenho que voltar com a palavra atrás… Valores mais altos se levantam... Já tenho nova aventura marcada, e logo no distrito que me viu nascer, Faro.

Marrakesh ainda é Algarve, não é?

Boas corridas.










quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Preparação, meia de Lisboa, Daniel e Zuka.

A maratona do ponto de vista de um atleta de baixa competição!

Acabei por  escrever poucas linhas  durante a (curta) preparação (ai a preguiça!!!). Vou deixar algumas transcrições, só para deixar alguma coisa registada no blogue.

"TCS Amsterdam Marathon 2018.
Do ULTR 2018 Ultimate Edition, só mesmo a t-shirt. Apesar de estar inscrito não foi possível participar, fica a recordação. 
Uma São Silvestre A-do-Neves para dar um estímulo. Vamos lá a ver se os treinos para a maratona começam...
Não está fácil!"
1/09/2018



TCS Amsterdam Marathon 2018.
Finalmente os treinos...
Sim porque isto às vezes também são Magnum Almond Ice Creams!!!
6/09/2018



TCS Amsterdam Marathon 2018.
Ai as queixas...
Primeiro foi porque não havia tempo, hoje são as pernas. Agora que consegui fazer uns treinos seguidos... As pernas cansadas...Vai ser pouco tempo para uma preparação... Etc, etc... Raios partam as queixas... Vai ser o que for!!!
15/09/2018



TCS Amsterdam Marathon 2018.
Podia ter ido ajudar na vindima ao mano mais velho? Podia!
Mas não tinha dado para um determinado passeio matinal. Faltam três semanas...Dá para acreditar!!!
Em relação à produção de vinho do irmão, sou o provador oficial. Nessa parte é que sou especialista...
29/09/2018


TCS Amsterdam Marathon 2018.
Correr um pouco mais rápido sem grande esforço... Querias... Batatinhas com enguias!!! Isso é na Primavera menino, não é no pós Verão. Não treines que não é preciso!
O momento em que se desliga o relógio depois do treino, é seguido de uma quantidade insana de palavrões... Calma, é interior, não é sonoro. É um momento introspectivo, MUITO introspectivo!!!
Uma nota para as nimbus 20, sofreram uma bela evolução. Não ficam tão coladas ao alcatrão. Veremos a longevidade do amortecimento.
6/10/2018



TCS Amsterdam Marathon 2018.
Podes correr à beira mar, podes. Desde que seja com os pezinhos na madeira!
Incrível como passou toda uma época balnear sem um único treino na areia. Simplesmente o sítio preferido para treinos de recuperação... Tens pouco medo do "treinador", tens!!! O plano de treinos foi muito compacto. Impossível ganhar resistência, velocidade e não descurar as recuperações, em metade do tempo necessário. Era preciso não arranjar lesões. Correr na praia... Os joelhos do rapaz não se dão bem na areia. Ficam "frouxos", e depois é a carga dos trabalhos.
Será o que for, este é mais ou menos o lema desta maratona.
Ainda tenho a meia maratona de Lisboa, na Ponte Vasco da Gama. Vai ser mais pela companhia. Talvez fazer um copy paste do treino de sábado passado. Corrida descontraída pela Avenida da Liberdade, não é mau. Há que proteger o esqueleto para dia 21 de Outubro. 
P.S. Ando com preguiça de escrever no blogue... Aproveito o Instagram para um apontamento ou outro!
10/10/2018

    
TCS Amsterdam Marathon 2018.
Lisbon, check!
Next stop, Amsterdam!
A avenida da Liberdade dá outro encanto à meia maratona. Encanto e empeno... Bela subida!!!
14/10/2018 


Está muito pertinho da maratona. O plano de treinos foi muito concentrado. Há que enaltecer o facto de não ter havido lesões,  isso é positivo. O objetivo é correr abaixo das três horas e disfrutar um pouco de Amsterdão. Será o que for, sem stress!

Mas este post não é apenas sobre  a preparação de Amsterdão. É para dar o devido destaque à meia maratona de Lisboa.

Do ponto de vista mais pessoal, tenho a sublinhar o novo percurso da prova. Muito mais agradável do que o antigo. O facto de entrar na zona nobre da cidade, é logo outra coisa. Torna um pouco mais difícil, devido à subida da Avenida da Liberdade, mas tem muito, muito mais encanto.

Outro apontamento de relevo, foi encontrar-me com o grande Jorge Aires. Um amigo do tempo de escola, que mora para os lados de Leiria. É aquela máquina a correr, no Domingo sem objetivo definido fez 1:17. Mas mais do que isso, foi nos breves minutos que estivemos juntos, vir logo ao de cima as mais variadas aventuras do tempo do secundário. Muitas peripécias juntos, mas sempre com muito respeito pelo próximo. Para lá de ser um ótimo corredor, um grande amigo, é um  extraordinário ser humano. Grande gosto neste, ainda que curto, reencontro. Grande Jorge!!!


Uma palavra também para todos os outros colegas de prova. O Eduardo  não tinha feito grandes treinos, a falta de tempo é fraterna!!! Mas cumpriu muito bem, 1:38. Nos restantes elementos havia quatro estreias na distância. Tentei dar algumas dicas. Para que começassem com cautelas. Tentei dar o máximo de tranquilidade. É muito importante uma boa primeira experiência. Afinal, dado ao histórico deste rapaz, acabaram por ser meus "afilhados".  Estiveram todos em muito bom nível, de acordo com as suas expectativas. Isso fará com que queiram repetir… Siga… Haja treinos!!!

A caminho do merecido almoço,  ainda me cruzei com o João Lima, companheiro de armas nisto das corridas... Com o pessoal dos 4 ao km. Nem me lembrei duma foto João!!! Vou roubar uma ao Facebook... Forte abraço!


Mas o maior destaque ia para a dupla Daniel/Zuka.


Em 2015 participei  na meia maratona da Ponte 25 de Abril. Com o objetivo de tirar uma hora à minha primeira meia maratona, 2:19, em 2011. Fiquei a trinta e dois segundos do objetivo. Mas uma coisa que nunca mais me esqueci,  foi que fiz mais ou menos dez quilómetros (8-18), na companhia de um atleta cego, com o respetivo guia. Fomos apanhados em algumas  fotos da organização. Não consegui o objetivo, coisa que aconteceu um ano mais tarde, mas foi uma experiência muito enriquecedora. Fui o tempo todo a questionar-me como era todo o processo até chegar aquela condição. Foi uma experiência...

Desta vez tive perto de uma preparação para uma situação idêntica.

O Daniel é cego, e tal como o outro senhor de 2015, tem o gosto pela corrida. Já tinha participado noutras provas mais curtas, com outros amigos a servir de guia. Mas nada parecido a uma prova deste tipo.

Desta vez era o Zuka o guia. Sim, esse que eu “convenci e ajudei" a fazer a maratona de Lisboa o ano passado. Para o Daniel era a sua primeira meia maratona, e logo no meio de milhares de atletas.

Arregaçaram as mangas e puseram mãos à obra. Treinaram juntos, ganharam a cumplicidade necessária para esta aventura. Faltava só mesmo a prova.

Cruzei-me algumas vezes com eles nos treinos. Sentia o Daniel ansioso, e o Zuka apreensivo, tudo normal na situação em causa. Para o Zuka, servir de guia numa meia maratona também era uma estreia.
Correu muito, muito bem. Tinham um objetivo. Fazer menos do que duas horas, fizeram 1:59:52. Espetáculo!!!

Soube muito bem disfrutar do pós prova com todo o grupo, mas especialmente por o Daniel estar com a gente. O Zuka foi o grande culpado. Não é novidade para quem conhece a pessoa. Um grande orgulho para este atleta, ter amigos desta estirpe. Eles foram os meus heróis naquela meia maratona. Foram GRANDÍSSIMOS.

Tal como o Zuka disse quando acabou ao lado do Daniel…

“Agora experimentem fazer uma meia maratona de olhos fechados”!!!

Boas corridas!