sexta-feira, 7 de abril de 2017

Luis Lobo, o 1º português a concluir a Maratona de Roma 2017.

A maratona do ponto de vista de um atleta de baixa competição!
Luis Lobo, o 1º português a concluir a Maratona de Roma 2017, envergando a camisola do Clube Atletismo de Lamas!
Pois, não é todos os dias que dá para escolher um título destes para as reflexões do blogue.
93º da geral, 21º do escalão, e o 1º português a chegar à meta na prova da capital Italiana.
Disse inúmeras vezes que ia correr a Roma, mas não ia ver o Papa!!!
O homem soube que eu ia, não deu hipóteses. Beber um cafezito e trocar umas impressões foi o mínimo que exigiu. Um tipo às direitas, o Chico, um verdadeiro compincha. Ainda tempo para uma curiosidade. Perguntou-me se eu sabia quem tinha sido o bêbado, que fez o busto do Ronaldo... Ele é mais Messi, não fosse argentino, mas gosta muito do CR7!
Raramente dou importância aos lugares da classificação. Corro somente contra os meus melhores registos. Como já tenho dito, gosto de participar em provas com milhares de pessoas. Prefiro ser o centésimo nono, entre quinhentos, do que o primeiro entre quatro. São formas diferentes de ver as mesmas coisas. Respeito, como é óbvio, quem tem opiniões diferentes!
A maratona de Roma começou logo após terminar a homónima do Porto em Novembro.
O culpado disto tudo?
Carlos Cardoso, quem havia de ser!!!
Propôs aos Pernetas, participar numa maratona internacional, sugerindo Roma como possibilidade. Claro que a maratona começou imediatamente com essa sugestão.
Passei a palavra para o outro lado do Atlântico, para a Juliana. Disse logo que sim, que iria tentar concluir a sua terceira maratona.
Trouxe consigo outro maratonista, o Gilberto, acompanhado pela Michele. No dia da prova ainda tivemos um aumento do contingente brasileiro, com a chegada da Samara.
O Gilberto por esta altura já vai conseguindo dar uns passinhos sem mancar... Tal foi o empeno. Brincadeirinha Gilberto, a maratona de Roma já ninguém te tira!
Desta vez tenho mesmo que ficar contente com esta classificação.

2h 48m 12 segundos, é um tempo muito modesto para a elite da maratona. Mas como sempre apregoei, sou um atleta de baixa competição. Baixa competição, comparado com a outra realidade do atletismo.  
Um início de carreira aos 35 anos, como costumo dizer, há 15000 Kms de treinos e provas atrás. Sempre com o principal objectivo de me divertir com as aventuras da corrida. Quem me acompanha de perto, sabe que tenho conseguido conciliar como ninguém, a diversão na corrida. O objectivo central tem sido sempre alcançado.
Nesta situação, com os intervenientes que estavam na tour, não foi preciso fazer mais nada do que existir. A diversão faz parte.
Foi mais ou menos consensual entre o pessoal, que a capital italiana está muito mal tratada. Roma é uma das principais capitais europeias. Com o património histórico, que tem entre mãos, merecia muito mais atenção de quem de direito. Bastantes edifícios e pavimentos degradados, o lixo sempre presente, zonas históricas completamente postas de parte. O Circo Máximo por exemplo, parece mais um jardim abandonado num país de terceiro mundo.
Felizmente não deixaram cair o Coliseu. Se formos contextualizar a altura em que foi construído, é realmente qualquer coisa. É de uma imponência que sim senhor!
Não sei quantos portugueses participaram na maratona, nem me interessa, sei que na busca da classificação, a primeira bandeira portuguesa que aparece é a que faz referência ao meu nome, Luis Lobo (está um pouco narcisíca esta reflexão, não está?!).
Logo de início não dei muita importância, mas depois de parar para pensar, e como disseram logo na altura o Bruno, o Zé Miguel, e o Zé Coelho (estávamos juntos a ver a classificação), e mais tarde outras pessoas, é  realmente motivo de orgulho.
Claro que há muitos atletas portugueses com tempos muito superiores, mas parafraseando o meu irmão, "não estavam lá".
O meu irmão defende que não é dizer isto ou aquilo das coisas. Que é assim, que faz, que acontece, etc, etc...
"A pessoa tem que estar lá".
E foi o caso, eu estava lá!!!
A prova foi dura. Durante o percurso tivemos direito a chuva, vento, frio, trovoadas, mau pavimento, altos e baixos constantes, com a parte final a acabar a subir.
Está bem. Se fosse fácil não tinha o mesmo gosto.
O plano de treinos tinha sido concluído sem lesões dignas de registo, isso é logo meio caminho andado. Só mesmo a desistência nos Trilhos de Mértola, a ser a excepção, devido a uma taquicardia. Eu teria terminado a prova, depois de 10 (longos) minutos de paragem obrigatória, mas decidi não continuar, parte da cabeça já estava em Itália.
Não concluí os Trilhos de Mértola,  mas não posso deixar de sublinhar a extraordinária organização da prova. Não faltou rigorosamente nada aos participantes. Para o ano, se puder estarei presente nos Trilhos de Mértola 2018!
Serve esta "lesão" para falar no culpado disto tudo, Carlos Cardoso.
Uma lesão, impediu o Perneta de concluir a sua prova. Apesar de tudo, conseguiu manter uma disposição no terreno, que não está ao alcance de todos. É mesmo por isso que ele é o nosso Perneta Mor. Grandíssimo, mesmo num momento mais infeliz.
Aquela verdade que utilizo algumas vezes, faz aqui todo o sentido. Quando um corre, corremos todos...
Forte abraço Carlos, e breve recuperação!
Ir a Itália e não ser confrontado com um episódio de máfia/contrabando, não fazia sentido.
No pós maratona, decidimos criar um "gang", e tentar acabar com as cervejas de uma "tasca" paquistanesa. O dono é um primo em 34º grau do Zé Coelho, o Amir!
A tasca realmente era um espaço pequeno, não sabíamos nós, que tinha um túnel secreto para um supermercado do outro lado da rua. Curiosamente o dono do supermercado, também era primo do Zé Coelho. Raios partam os primos do Zé!!!
Por muito consumo que houvesse, ia sendo reposto clandestinamente (mafiosos!!!), era impossível esgotar...
Outra curiosidade do estabelecimento era o ambiente.
Consoante o número de rodadas em dívida, assim aumentava o volume da música, e os rostos fechavam. O reggaeton, passava a decibéis incríveis, sim reggaeton, dá para acreditar?!
Como o regularizar da dívida, o som melhorava, e havia sorrisos. Até tivemos direito ao tão em voga, Despacito. Foram umas horas passadas com a música aos altos e baixos.
Certo é que não conseguimos o nosso propósito, acabar as cervejas. As cervejas?!?! Agora é que reparei que escrevi cervejas, os atletas não bebem cerveja... Estava a falar de sumos, não conseguimos acabar os refrigerantes... É isso!!!
Já vai longa a reflexão, ou não se tratasse de uma maratona.
Uma maratona, é um projecto complexo, mais do que se possa imaginar. Os 42 kms feitos com objectivos rigorosos, tem uma enorme dose de sofrimento na sua essência. Treinos durante muito tempo, a requerer muito, abdicar de uma coisa ou outra. Contudo, manter sempre critérios sociais como deve ser. Inserido dentro do contexto de atleta de baixa competição.
Como é óbvio, o cortar a meta com dignidade e o sentimento de dever cumprido, compensa muito o que ficou para trás.
Tinha o sonho de correr uma maratona com um ritmo inferior a 4 minutos por kms, felizmente, tornou-se realidade.
Não faço ideia se voltarei a tentar superar-me na distância, para já não me apetece pensar nisso. Quero simplesmente desfrutar do momento. No fim de contas, Luis Lobo, foi o 1º português a concluir a Maratona de Roma 2017... (narcisista o moço)!!!
Muito há para agradecer. Não vou individualizar, era muito bem capaz de ser injusto com alguém.
Fica uma menção para a comitiva na capital italiana. Boa disposição e diversão para dar e vender. Um grupo fortíssimo.
Agradeço a quem de uma forma ou de outra, contribuiu e participou nestes meses que antecederam a maratona.
E por fim uma dedicatória especial, para quem vai comigo para a linha da frente, e não é muita gente.
Ao longo da prova são muitas vezes os soldados perfeitos, ficam lado a lado comigo, não falham.
Eu sei que estou constantemente a repetir-me, mas eu tenho mesmo os melhores filhos do mundo... A sério!
Boas corridas!



4 comentários:

  1. ESPECTACULAR!!!
    Muitos e muitos parabéns ao melhor tuga!
    Que marca fantástica, 42.195 abaixo de 4 ao km!!!
    Sem palavras que são poucas para adjectivar um feito desta natureza!
    Um grande abraço

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    1. Obrigado João!
      Foi mais um capítulo, nestas aventuras da corrida.
      Forte abraço

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  2. Como presidente do clube em que estás inserido, só posso dizer! Obrigado Luís por fazeres parte desta grande família Calense. Foi com orgulho que vi as fotos que todos foram tirando, mas o Vídeo da tua chegada, calmo e com passo certo e sereno, sempre pronto a responder aos ataques. Em nome dos Calenses um grande abraço.

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    1. É um prazer fazer parte desta família!
      Sinto-me um privilegiado!
      Forte abraço!

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