sábado, 21 de setembro de 2019

Estágios com desnível negativo, e coisas...



A maratona do ponto de vista de um atleta de baixa competição!

Como já vem sendo hábito, tiro umas peças do Instagram, junto mais uma observação ou outra e arranjo um post para o blogue. Eu tenho que arranjar maneira de não me sentir tão culpado por deixar este espaço às moscas!

O título da publicação pode fazer parecer que o mundo está virado de cabeça para baixo, mas não está. Digo isto, porque por norma, os atletas de alta competição fazem estágios em altitude (muito) positiva. A rarefação do ar, as dificuldades que isso põe aos desempenhos. Treinar e ao mesmo tempo fazer operações matemáticas. Para que o cérebro tenha muito com que se preocupar, logo mais difícil se torna a concentração no esforço. Tipo, saber a raiz quadrada de 549 ao cubo, enquanto se fazem 36 séries de 400 metros abaixo da velocidade da luz… Enfim, coisas triviais…. É mesmo por isso é que eu sou um atleta de baixa competição. Faço as coisas ao contrário. Deito-me de papo para o ar na areia à espera que o treino interiorize... Na altura em que tirei a foto do cabeçalho estava mais ou menos a -4. E… Não “queimei" o telemóvel por um triz…


“Como a maior parte das aventuras, também a  visita à capital Belga começa com uma meia maratona em ritmo moderado. Não raras vezes no percurso hoje utilizado. A meia maratona da Barragem do Monte Clérigo. Quantas vezes já fiz este percurso? Muitas, muitas vezes! Vamos lá a ver, até se justifica. Mandei fazer esta barragem exatamente a 10,5 km de casa. Só para ter uma referência na volta, para esta distância específica, não precisa GPS, 21.095 km. Convém utilizar!
Brussels Airport Marathon, início de Outubro. A parte mais dura do plano, é de 15 de Agosto a 15 de Setembro. Dada a temperatura ambiente nesta altura do ano, tem tudo para correr bem…
Diz-me a experiência, que existem pelo menos seis ordens de razões, que dificultam em muito o compromisso com um plano de treinos, transversal a Julho,  Agosto e Setembro. 1ª muito calor, 2ª  preguiça, 3ª muito calor, 4ª preguiça, 5ª preguiça, e por fim, a 6ª, muito calor!!! Tem ainda um Plus. Em todos os sítios que li sobre o evento, não aconselham a prova a atletas inexperientes, tem 500 metros de desnível positivo (!!!). Afinal, é maratona de estrada ou trail?!?.
É aqui que aparece o diabinho da consciência a gritar, “És um homem, ou és um rato?!?!” Do outro lado está o anjinho, entre murmúrios, muito, muito baixinho. “Não é um homem, nem um rato… É um Lobo, um Lobinho… E tem medo… Miaúfa… É normal...”. Ai os comprimidos…”

Pois, cá está. Se vais fazer uma prova em que o percurso tem imenso desnível positivo. Qual é o remédio? Planície alentejana! Isto nada sai mal por acaso, é planeado!!!


“Meias maratonas... Só quando o rei faz anos. Provas de 10 km… Tive que ir aos arquivos, há quase quatro anos. Apesar de ter sido à beira-mar, os 10 km não são a minha praia, nunca treinei para tal!
A verdade é que fui enganado. O Perneta Cardoso ao saber da minha presença a norte, simulou uma lesão de última hora para me obrigar a participar… Acho que dá para ver pelo nome do dorsal!!!
Numa fase da preparação em que tem havido apenas treinos a rolar, e poucos. Assim sendo, os treinos técnicos do plano da maratona… Estão todos feitos duma só vez!!!”

O menino Carlos tem a mania de provocar estas emboscadas!!! Em dez km, sabem quanto tinha de desnível positivo? 6 míseros metros! Se não fossem algumas partes em passadiço, tínhamos que correr com água até à cintura!!! Aquilo é que foi acumular metros abaixo do nível do mar!!!


“Então a que horas é que começam os dias no Algarve?
Às 7:30, estão dez km feitos, banho de piscina tomado, e minis bebidas… Vai buscar!!! Menino @carloscardoso7392, se queres treinar com o guru dos treinos… Tem que ser de madrugada!!!”

Ainda fizemos alguns metros positivos na corrida, mas depois fomos equilibrar as coisas para dentro de água. Ali à fazer metros abaixo do nível da beira da piscina!!!


“A receber a Dora e o Carlos na toca do Lobo…
Ficaram a conhecer Almodôvar a palmo… O Centro de Baixo Rendimento do atleta de baixa competição, o Santo Amaro, com vista privilegiada para a vila alentejana. Uma volta pela Barragem do Monte Clérigo, a tentar uns dabs. Foto na Ponte Romana, já velhota, quase da idade do @carloscardoso7392 … E para fechar uma visita à pizzaria O Forno. Isto quando é para comer… Aparece sempre mais um. O mano mais velho a juntar-se ao repasto.
Grande cumprimento para esta família do Norte, um irmão e uma cunhada que ganhei das corridas!!! Um dia destes tenho que começar a treinar para a maratona de Bruxelas… Vá, ainda tenho muito tempo, é só dia 6 de Outubro!!!”

Primeiro deixar sublinhado, um gosto enorme em fazer parte desta família. Agora a parte séria. Há vilas alentejanas, que só não são Veneza por um nadinha de nada. Há uma montanha ou outra a tapar a entrada da água salgada por aí adentro… Almodôvar é um caso desses… Então não é!!!


“Não é para me gabar, mas… Tou todo partido!!! Andei a enganar os ossos com uns treinos a brincar durante a semana, para depois isto!
O ano passado tinha tirado foto na rotunda dos porcos em Castro Verde. Estava em falta a não menos famosa rotunda das ovelhas. Castro Verde tem património a sério, mas a vila é muito conhecida por estas rotundas sui generis.
Recebi há pouco uma mensagem, acompanhada de uma foto, do meu esqueleto. “Tivemos momentos bons, momentos menos bons, mas já não dá. Até sempre.” Respeito!”

Durante o plano foi o ponto mais “alto” da corrida. Aqui ainda tive que fazer uns metros de desnível positivo. Foi duro, mas já passou. Tinha deixado em aberto a visita à rotunda das ovelhas há uns tempos, missão cumprida. 


“Os treinos de acesso à pista são tão para enganar o corpinho!!! (Amanhã se calhar a escrita sai mais enviesada…). As formas de ver o entretenimento são as mais díspares. Lembro-me de comprar uma PlayStation ao Eduardo, mais tarde um portátil gaming. O rapaz tem o bichinho dos jogos de computador, tal como o pai tinha na mesma idade. Só fui “derrotado” pelo Tetris. O joguinho tem a mania de se reinventar, nível após nível. Nas restantes máquinas do salão de jogos, com uma moeda dava para deixar créditos para o resto da tarde, para quem quisesse disfrutar.
Mas depois há o minimalismo…
O que dizer do que uma bola pode fazer. E não, não é uma bola de futebol… Na opinião da utilizadora. “A melhor compra de sempre!!!”

Simplesmente uma bola de pilates…


“Não é para me gabar, mas tou todo partido...
Aahhh, as vindimas… Carregar as caixas, moer as uvas, ir correr duas horas pela fresquinha!!! Este ano não foi exceção. Há aquele treino que tem que ser feito no dia das vindimas do mano mais velho. Ainda chego a horas de tirar umas fotos, fazer uns vídeos, ir comer qualquer coisa com os braços de trabalho. Aquela parte dura…”

Este foi um dia de nível zero, não houve desníveis. É extraordinário quando cada um faz aquilo que lhe compete e a vida faz o seu caminho. Muito bom!


“Já não é a primeira vez que escrevo isto. Durante um treino longo intenso, ou um treino técnico, uma das coisas que ajuda a ultrapassar as dificuldades é aquele pensamento. “Amanhã é dia de treino de recuperação, amanhã é dia de treino de recuperação, amanhã…,! Pois hoje foi dia de treino de recuperação!”

Isto é tão verdade… 


“Com o vento que está, deu jeito o plano apresentar no menu 12 km a rolar. Fez-me lembrar tanto a última visita à rotunda das minhocas (vai acontecer brevemente, está atravessada…). Eu nem faço ideia do dinheiro que deixo de ganhar por não fazer referência aos patrocinadores. Só assim ao de leve… A minhas marcas de suplementos, Sagres, Super Bock. Não corro provas sem o boné da Edp/Bic. Meias e calções… Se não for da Asics… Não há prova!!! Adidas Ultraboost o melhor meio de transporte que existe. Auscultadores da Sony, e cada vez mais a Rádio Comercial. Hoje o streaming está ao preço da uva “mijona”, o gasto de dados já não é o que era. Depois há sempre a playlist. Não será estranho os Pearl Jam terem por lá muita música!
Por fim uma palavra para o Clube Atletismo de Lamas, eu nem sei bem o número de zeros que fazem parte do meu contrato…”

Estive a avaliar o que escrevi, safa-se a localização. Estava mais ou menos dez centímetros acima da água da marina… Pouco desnível!!!



“Não é para me gabar, mas… Tou todo partido.
1 litro de água na mochila, uma banana, uns figos secos, umas amêndoas e vamos lá ao segundo round. Atleta versus treino da rotunda das minhocas. Ir a Quarteira e voltar. 35 km de pur... Pura dor. O conjunto de treinos feitos não é suficiente para chegar a um treino destes e levar algum à vontade. Enfim, está feito!
Este treino ameaça tornar-se um clássico. Não sei porquê, mas parece-me que não vai ser fácil recrutar companhia para este evento!!!”

Estavam umas contas por acertar com este treino. Toda a gente sabe que o Algarve junto à costa é uma reta sem desníveis. De Albufeira a Quarteira e não é exceção. Muito plano… Vá, tirando as partes que não são planas!!!

O que dizer do plano ao longo deste Verão?! Houve muita, muita subtração de treinos. Isso ficou logo implícito no primeiro copy do Instagram. Não foi novidade, já era esperado. No entanto deu para cumprir os mínimos ao nível da resistência. A velocidade teve que ficar para segundo plano, não deu para mais. Tentei também não me afastar muito da água salgada, o tal desnível negativo,  para mim é um combustível incrível.  Ainda faltam duas semanas, mas agora é pouco mais do que gerir os dias com mais um treino ou outro com alguma aplicação. As expectativas em relação à maratona são de desnível nulo, nada de stress. Vai ser o que for!

Ao longo deste período tentei sempre não invocar a falta de tempo como desculpa. É um tema a que recorremos geralmente, quando não queremos dar outra justificação. Pelo menos foi isso que me ensinou o padre Agostinho há uns anos. Deixar uma reserva, eu sou agnóstico, mas não me causa sarna as crenças das outras pessoas. Como é óbvio, desde que não se vá por fundamentalismos.

Vá lá umas palavras para o padre Agostinho…
No primeiro encontro de preparação para o batismo de um dos meus afilhados, o Rodrigo, que tinha na altura um ano, eu queixei-me de falta de tempo para as respetivas reuniões que precedem o evento. Resumindo… Levei um sermão de algumas horas em relação à perceção que temos da “falta de tempo”.  Não concordei com tudo, mas concordei com muita coisa. Nunca mais utilizei o argumento falta de tempo da mesma maneira. E como se comprova pela foto, fomos despedir-se do rapaz no outro dia, a caminho da universidade. Já passou algum tempo…



Este ano acabei por comemorar o aniversário dia dezoito de Setembro. Já houve anos que por motivos de agenda tive de alterar a data, este ano não foi o caso, coincidiu!
Vou ter que destacar uma mensagem de parabéns que recebi através de uma publicação com múltiplas fotos no Instagram, na qual fui identificado.

Pois, é isso!!!

Boas corridas!