quarta-feira, 13 de abril de 2022

Maratona de Paris, elle est belle!


A maratona do ponto de vista de um atleta de baixa competição!

É o post mais importante deste espaço? É! Foi a maratona mais importante que fiz até hoje? Não! A mais importante foi a de Berlim. Escrevi isso na altura, e mantenho.
A maratona de Paris 2022 começou precisamente após cortar a meta em Berlim. Pensamento do momento…

“ Se eu fiz o tempo que fiz, com uma preparação cheia de enormes remendos, se treinar decentemente consigo muito melhor, apesar de não ir para novo…”



Regresso anunciado 

A história de não repetir maratonas dificulta um pouco a questão dos recordes… (calma, desde o dia que saí de Paris que disse que era o único sítio que queria voltar). Independentemente da dificuldade do percurso precisava de um sítio que desse um entusiasmo extra. Paris pois claro!! 
Se Amesterdão, Berlim e  Sevilha foram as mais “fáceis” que corri. Bruxelas e Helsinquia foram as mais difíceis. Estou a falar da questão da altimetria, porque às vezes o estado de forma dá-nos percepções diferentes. A que mais sofri foi no Porto em 2015, com 2:59… voltei lá em 2016 no mesmo percurso, fiz 2:51, a saber a peixe grelhado. Há o hábito de dizer, “soube a pato!!”. Eu não gosto de pato… alterei a meu gosto!!!


Berlim/Porto/Almodôvar 

Saí muito maltratado de Berlim, a preparação foi muito deficiente. A insistência de correr sub três horas sem estar preparado para isso deixou marcas. Havia ainda o compromisso de ir ao Porto com o Carlos, o meu irmão nortenho, na tentativa dele baixar das três horas. Praticamente só fiz treinos de recuperação, com a exceção da meia maratona da Ponte Vasco da Gama, fui com o João Paulo. É  a minha meia maratona preferida. Tem a dificuldade da subida do Marquês, mas corremos uns km no coração de Lisboa. Isso é bom!
Como o Carlos, teve lesões na preparação, a maratona foi uma não maratona. Ficou a partilha de 42 km, em que o Perneta foi tratado como um rei nas ruas do Porto. E tanto que ele merece, por há muitos anos trazer uma nova forma de estar na corrida super contagiante e muito divertida. É contagiante do género do Covid… só que em bom!!



Umas semanas mais tarde, organizamos em Almodôvar, o 3º Medronhos Cogumelos Trail. E quando digo organizamos, não somos uma associação. Somos, The Frankenstein Running Team. Remendos de várias equipas, fazem uma organização cinco estrelas. E foi a seguir a este trail caseiro no fim de Novembro que começou a preparação da maratona de Paris.




Preparação 

Dezembro

Vai ser  para limpar as pernas. Não fiz um único treino com esforço, para lá do esforço inerente a treinar,  como é óbvio.


The First First Run of The Year 

Dia 1 de Janeiro. Mais uma organização, The Frankenstein Running Team.
Uma volta de 10 km no coração de Almodôvar. Não foi como queríamos porque a pandemia estava no seu auge. Muitas limitações. Deu para alguma diversão e descontração, dentro do possível.

 



Janeiro

Vai ser para acumular km com treinos rijos pelo meio… ah espera… estás contaminado com covid… o teu corpo não quer esforço… praticamente duas semanas ausente dos treinos. Menos mal. Eu tinha ficado em forma 0, após Dezembro. Mais semana menos semana não havia problema. Eu considero que estou em forma 0, quando sinto o corpo recuperado, sinto-me bem a correr devagar, e já me anda a apetecer treinar para um objetivo. Era o que se estava a passar!! Na parte final do mês, pós covid, já estava em velocidade cruzeiro. 


Fevereiro

O mês com menos dias, mas onde ia apostar as fichas todas… e apostei… e correu bem!!!


Trilhos de Mértola 

Entretanto vou ao Trilhos de Mértola. Fui correr? Nãooo!!!
Fui acompanhar os atletas da Casa do Benfica de Almodôvar.  Acordei uma colaboração com a extrutura do clube para a parte do atletismo. Não é dar treino, nada do género. Passa por passar um pouco da experiência adquirida ao longo dos tempos. Dar umas dicas, dar um plano de treinos, trocar impressões, etc, etc. E sempre que possível acompanhar o pessoal. Foi o que aconteceu na Vila Museu.

Gosto muito dos Trilhos de Mértola, mas não podia participar. E como se encontra pessoal conhecido, foi curioso a reação de não me verem equipado… Então mas estás lesionado? Então já deixaste as corridas? Lá fui explicando que estava mergulhado num plano de treinos de estrada… não podia, não podia ir ver as belas vistas para o Rio Guadiana!!


Março

Vou apostar na velocidade, estou bem, mas “preso”. Ah espera… vem aí umas poeiras… ah já passaram!! Agora uma pequena constipação a condicionar os pulmões… ah espera… as poeiras voltaram outra vez!!! No intervalo das poeiras, da constipação, consegui fazer mínimos para restabelecer a confiança. Sentia-me inspirado. Estava concentrado em aspetos positivos… Tinha que ter um dia bom em França. Vamos ver…


Paris de França 

Pizzas

Quando foi a última vez que tinha comido pizza? Em Setembro, em Berlim! Mas porquê… mas porquê… Porque tem de ser. Já disse antes… Não gosto de pizza, não gosto de massas… eu é mais peixe!!! Mas tem de ser, tem de ser. Sigaaa!!!





Adaptação ao meio

Na véspera da maratona faço sempre um treino de seis km. Relativamente devagar com um km mais rápido no meio. Quando termino os treinos, o relógio dá sempre um relatório. Eficaz, não eficaz, manter, atingiu um Pico. Só uso o relógio nos treinos. Não gosto de relógios. Os relatórios valem o que valem. Para o bem, ou para o mal. O que é certo é que quando parei no fim do treino. Perto do hotel, em frente ao Notre Dame, o relatório foi… atingiu um pico. A única vez ao longo da preparação. Será que eu fiz isto bem feito. Amanhã veremos…





A prova

Como faço há algum tempo, corro sem olhar ao relógio, por sensações. Faço uma avaliação no pórtico à meia maratona.
Desta vez não olhei ao relógio, mas tive que fazer uma avaliação ao km 11/12. Uma picada intensa na coxa esquerda mandou-me parar… Paro? Não paro?... O meu relatório foi imediato. Não paro! Se parar acabou esta velocidade… Paro se não der mesmo! Foram 20 minutos de dores a sério. Felizmente não parei… mas as dores pararam. Era impossível voltar aquele ritmo se fosse obrigado a uma paragem… nem que fosse só uns segundos. A dor desapareceu, senão a história teria sido outra, como é óbvio. Hoje estou contente com a decisão, mas durante os vinte minutos só pensava que podia estar a arranjar sarna para me coçar…
Tinha dito por entre portas e travessas que se passasse à meia maratona com menos de 1:24, ia atrás do recorde pessoal. E sim, olhei ao relógio por essa altura, 1:22:43. Vou atrás das 2:47. E fui. Só que quebrei menos do que estava à espera… fiz a outra meia, em 1:23:05, vinte e dois segundos de diferença. Só já olhei ao relógio na reta da meta. Ainda tive que fazer pela vida para ficar no saboroso minuto 45. No vídeo da chegada, vê-se que, praticamente debaixo do pórtico ainda vou confirmar a veracidade dos factos… nunca fiando!!!




A organização 

Veio confirmar o que se tinha passado em 2016. Das que já participei…  Há a maratona de Paris, e depois há as outras. Como é que vou explicar? Se calhar da maneira mais fácil. Não repito maratonas… com a exceção de Paris!! Não tenho data, mas quando se proporcionar, volto a correr na capital francesa!!




A Capital Francesa, o Eduardo e a Bárbara
 
Uma cidade com uma aura incrível. Já tinha passado essa opinião aos miúdos antes. Agora vieram ver com os próprios olhos. No futuro terão oportunidades de cá voltar mais vezes, se assim o entenderem. É um privilégio estas viagens com eles. Só isso chegava e bastava. Assim dá para conciliar as coisas. 
Fizeram-me uma pergunta curiosa nestes dias. Então e como é que eles vão ter contigo à meta nas diversas cidades? 
Vamos lá a ver… eu tenho que sair às 6:30 do hotel, antes tenho que ter feito a alimentação no quarto, estão -3 graus, ir apanhar o metro, de forma a estar no Arco do Triunfo às 7:15. Uma hora antes da partida, para aquecimento, ambientação e coiso e tal…
Eles tem que tomar o pequeno almoço no hotel às 9:00, super tranquilos, ir apanhar o metro, para estar às 10:30 na meta… vidas!!! 
Brincadeira. Eles são uns valentes. Podiam ficar no conforto à espera que eu voltasse. Naaahhh. Enfrentaram a cidade de Paris sem hesitar. A cidade e o frio cortante. Tem alguns receios? É capaz… Quando eu cheguei ao Arco do Triunfo, lá estavam à espera!!! Eu adoro dar mundo a estes meninos. Isso só se faz… dando!!! Isto só é possível porque o Eduardo, agora com 19 anos,  sempre se sentiu à vontade nos grandes centros. A Bárbara vai trilhando o mesmo caminho.








Próximos eventos e dedicatórias 

Agora é altura de descansar os ossos, treinos ligeiros atrás de treinos ligeiros…ah pois é!!! Já tenho algumas ideias para o próximo Outono e para  Primavera de 2023, mas nada está decidido. Aliás, há uma coisa que está decidida. A próxima maratona será em ritmos muito mais calmos!!
Vamos lá às dedicatórias… Dedico a… Dedico a quem se sentir envolvido de uma forma ou doutra nestas 2:45. Isto precisou de muita força e inspiração para lá chegar!! Agora está a saber muito, muito bem!!!

Boas corridas