A maratona do ponto de vista de um atleta de baixa competição!
GR60
Em Julho de 2023 recebi um convite para participar num evento particular, GR60, a Grande Rota das Montanhas Mágicas, 275 km. Tudo isso está documentado em posts anteriores escritos pelo Carlos. O que não está lá escrito é que fiz os últimos 80 km lesionado… com uma dor no calcanhar esquerdo. Calcanhar achava eu… era o tendão de aquiles. Era o início de um calvário de lesões. (Se soubesse o que sei hoje tinha continuado na mesma, sem hesitar um segundo).
Comecei imediatamente os tratamentos e a respeitar na íntegra as recomendações. Estava inscrito na maratona de Bilbau em Outubro. Tinha esperança de recuperar a tempo dos treinos… resumindo… não recuperei!
Em Novembro já treinava com pouco incómodo no tendão, estava a fazer ponto de mira a Viena. Assim que voltei a treinos mais a sério em Dezembro, perdi a coxa direita…mais três semanas de paragem. Treinos mais intensos em Janeiro … perdi a coxa esquerda… mais três semanas parado... Assim que foi possível voltar à estrada, abdiquei completamente de treinos de velocidade. Tentei acumular o mínimo de km exigidos para completar a distância na capital austríaca. No entretanto ainda fui fazer a meia maratona de Berlim. Desisti com incómodo nas coxas… desisti, mas concluí!!
Maratona de Viena
Desde 2014 que não começava uma prova sem o objetivo de correr sub três horas. Saí com a intenção de correr mais devagar do que o habitual desde o primeiro metro. O que tinha passado nos meses anteriores fez-me cumprir à risca o meu plano. Vi paisagens, falei com pessoas, marquei passo a companheiros de viagem (vieram agradecer-me). Foi muito diferente do habitual. Não houve stress. Não houve pressão. Não foi ao meu jeito. Mas foi bom concluir os 42 km na bela cidade de Viena.
Eu sei, já passaram umas frases em que não escrevi nada sobre lesões… pois o plano de treinos de Dublin começa com mais uma… voltei a perder a coxa direita!!
Tendão de aquiles esquerdo, coxa direita, coxa esquerda, coxa direita. Como é óbvio este ping pong tem a ver com descompensação. Dói de um lado, carregamos no outro inconscientemente…
Quatro semanas de paragem, três semanas a perder o medo da dor, cinco semanas de treino. Sem treinos de velocidade pura e dura como é óbvio.
Tinha ainda uma paragem antes de viajar para a Irlanda. Ia fazer a meia maratona de Leiria, era uma espécie de TAC. O resultado do exame foi o que eu esperava. O estado de forma era… não estar em forma!! Apesar disso ajudou bastante a preparar a abordagem em Dublin! Para lá dos diagnósticos técnicos, houve o bom do convívio com a família do norte. Umas conversas, umas cervejas, comida da boa, muito muito bom!!
Para Dublin levei a família do sul. Curiosamente, boa conversa, umas cervejas, boa comida, muito muito bom!! Só a viagem com eles já era mais do que suficiente. Junta-se o plus de 42 km pelas ruas e pelos parques de Dublin.
Maratona de Dublin
A estratégia era diferente de Viena. Tinha a convicção de que se fizesse tudo normal na primeira metade da prova, havia a possibilidade de ir atrás da sub três horas. O objetivo era passar à meia maratona com 1:29… Passei com… 1:29… Ah pois é!! Cuidados e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Com muitas dúvidas e insegurança ao longo dos km, agarrei-me à experiência acumulada ao longo dos anos. As coxas aguentaram, e o resto é história. As 2:58 souberam pela vida. De longe a mais saborosa de todas!! Na Primavera há mais!!
Muito obrigado a tanta gente que foi dando uma palavra de apoio. Muito muito obrigado a quem me ajudou no tratamento das lesões. Eu prometo que vou fazer reforço 🙄 😁!!!
Em relação às duas cidades, culturas diferentes.
Viena é uma cidade monumento, qualquer foto dá um “postal”. Respira organização e segurança. As pessoas não são as mais expansivas, mas são muito educadas.
Dublin não tem tanto “postal”, mas tem pessoas… tem as pessoas mais simpáticas e afáveis de todos os sítios que já fui. Uma cidade segura e organizada também. Aquela fama de ter muitos bares… não é só fama!! É pessoal que adora festa bem regada!!
Para escolher entre as duas… utilizando uma expressão que usamos para muitas situações
Às segundas, quartas e sextas, vivia em Viena… Às terças, quintas e sábados vivia em Dublin!!
Para dizermos bem de uma coisa, não precisamos dizer mal de outra. É uma velha máxima que me acompanha!! Gostei “imenso muito” das duas!!
E pronto já chega de partilha...
Boas corridas