quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Ganda Zuka! Do Coliseu ao Terreiro do Paço, são 2h:48m de distância.

A maratona do ponto de vista de um atleta de baixa competição!
Maratona de Lisboa 2017, a primeira desistência na prova rainha.
Não tenho o hábito de escrever sobre provas que não concluo, mas desta vez merece a exceção. Para lá da minha participação, tinha um “afilhado” em prova. E já se sabe, quando um corre, corremos todos.
Nos treinos que antecederam, a maratona, fui surpreendido por uma dor no pé esquerdo. Dor essa que me obrigou mesmo a parar em três treinos. Como aconteceu de forma aleatória e não consecutiva, pensei que não teria grande importância. Teve importância.
A minha maratona, acabou perto de São Pedro do Estoril. Com quase 19 kms, três deles em “insistência”. Estava na hora de sair de pista. Acabei por desistir na primeira vez que não tinha um tempo específico como objetivo, era só para terminar. Se calhar o meu corpo sob pressão afasta as lesões. Pode parecer brincadeira, mas vou ficar a pensar nisso.
Passado pouco tempo, comecei a pensar que tinha de arranjar maneira de chegar ao Terreiro do Paço antes do afilhado. Foi fácil, foi só procurar a estação de comboio mais perto, e 50 minutos depois estava na chegada.
O tempo de espera serviu para trazer a maratona de Roma, para Lisboa. Cheguei ao Terreiro do Paço e lembrei-me imediatamente do Coliseu. Não, não foi pelas parecenças. Foi da azáfama. Foi pela envolvência que por ali havia. Provas com milhares de pessoas, são mesmo a minha praia.
Lembrar-me do Coliseu, e das 2h:48m de Roma, fez-me pensar que afinal de contas o ano “maratonístico” não correu assim tão mal. A desistência de Lisboa tinha que ser encarada com normalidade. A corrida contínua.
A primeira coisa a fazer, era ir esperar o meu irmão que vinha na meia-maratona. Meia-maratona que tinha saído da Ponte Vasco da Gama. Tal como ele tinha previsto, 1h:33m depois, aí estava ele. Ainda deu para um cumprimento na reta final.
Vou aproveitar para descrever a meia-maratona com os olhos dele.
“Epá, o novo percurso da prova é muito mais duro, mas é espetacular…”
Pois, às vezes os recordes pessoais não são tudo. Alteraram o percurso para melhor. É mais difícil, mas passa pela parte nobre da cidade. Eu já fiz a Avenida da Liberdade em prova, e tenho a dizer. Entre as retas da marginal, sem “graça” nenhuma, prefiro andar nos altos e baixos pela bela Lisboa. Fiquei com muita vontade de fazer esta prova.
Deixar uma palavra de apreço para o restante pessoal que terminou a meia-maratona, alguns deles estreantes. Foi curioso ouvir as conversas deles na volta, no autocarro. Fez-me recuar no tempo. Quando estava também no início da brincadeira da corrida. 
Outra menção ainda para outro amigo das corridas, o Valdemar, que fez na estreia da maratona, 3h:12m. Muito bom!
Continuou a conversa com o meu irmão sobre o novo percurso da meia, enquanto fomos esperar pelo Zuka. Já havia quatro horas de prova, estava na altura do rapaz aparecer, mais coisa menos coisa.
Mas antes disso, tenho que fazer um flashback.
O Zuka começou as corridas dele há alguns anos. Primeiro em provas de curta distância, duas mãos cheias de meias-maratonas e outras provas de trail similares. Mas acima de tudo com o máximo respeito em relação às distâncias, e à sua capacidade. Isso tudo junto, fê-lo decidir experimentar a maratona. 
Neste flashback, ainda tenho que fazer um parêntesis. 
Contaram-me que, quando acabei a maratona do Porto 2016, com 2h:50m, e ele ficou a saber. Disse a plenos pulmões publicamente que o herói dele, não era o Mo Farah, nem o Bolt. O herói dele era eu, no que ao atletismo diz respeito. Não é a primeira pessoa que tem manifestações do género. Talvez por, felizmente conseguir desempenhos um pouco fora da caixa, para quem o atletismo é apenas, uns bons treinos e muita diversão. Que faz bem ao ego ouvir essas manifestações, lá isso faz!
Como é óbvio, quando ele tomou a decisão, em Maio, prontifiquei-me a ajudar no que fosse possível. Claro que lhe dei os planos de treino que faço para mim, claro que lhe disse para não os cumprir na íntegra (o moço que os faz não regula bem da cabeça), mas acima tudo, nunca lhe disse que ia ser fácil. Nunca é.
Treinar para uma maratona durante o Verão tem dificuldades extra. As férias, as festas de Verão , o calor, as festas de Verão, a praia, as festas de Verão… No Verão há muita festa!!!
O Zuka resistiu a isso tudo. Tirando muito tempo, aos filhotes e à Sónia. Traz sempre algumas privações, como é óbvio. 
Estabelecemos algum critério no plano. Havia parâmetros mínimos para serem cumpridos. Foram cumpridos, com maior ou menor dificuldade. No fim disto tudo, só faltava ligar Cascais ao Terreiro do Paço a correr. Já o fiz na totalidade duas vezes, embora antes fôssemos até ao parque das Nações. O percurso é muito bom. Vista espetacular ao longo da costa.
Quando o deixei perto da sua zona de saída, pensei, agora é que é mesmo só da responsabilidade dele. Foi um gosto ajudá-lo a chegar até ali. O resto era com ele.
4h:19m depois, lá estava o homem a cruzar a meta, e a fazer a sua dança de vitória. Um minuto antes cruzou-se comigo e com o meu irmão, onde demos o último incentivo. O melhor que pode descrever o momento, foi o que o rapaz disse aos dois à chegada.
“Quando os vi ali a incentivar, só o que me apeteceu foi chorar”.
O rapaz emocionou-se, era motivo para isso, o dever estava mais que cumprido. Mas não éramos só nós os dois que estávamos ali a puxar. Nós os dois, demos corpo às muitas pessoas que fizeram com que ele chegasse ali. Muita gente orgulhosa pelo rapaz. Onde estou incluído, como é óbvio. Afinal eu fui o padrinho da maratona. Ganda Zuka!
(O próximo é o mano mais velho, deixo aqui escrito, porque ele lê as tretas que eu escrevo. Assim sente-se comprometido!)
Eu não consigo sair de casa sem dar barraca, é qualquer coisa que tenho “colado” à pele. Foi acontecendo desde a Funcheira até ao regresso. Resultado disso? Riso compulsivo!!!
Eu já almocei inúmeras vezes na Cervejaria Portvgália, não fazia a mínima ideia é que, o conceito era nacionalista. Portvgália, é para portugueses, e o resto é paisagem.
Após noventa e cinco por cento dos pedidos estarem servidos, havia um que não havia maneira de vibrar. Como é óbvio, eu sou a pessoa indicada para ir averiguar. Questionei a rapariga que me tinha atendido, o porquê da demora daquele menu. No mesmo momento da pergunta, a chefe de secção tomou conta da ocorrência. Eu não sou má língua, nem de inventar. Mas na minha opinião, a mulher mais parecia uma talhante. Só faltava a carne para cortar. Bem, eu estava ali…
A medo, perguntei pelo menu em causa, e ela respondeu.
“Falta o menu prà espanhola não é ?!
Você não conhece o ditado, “Espanhóis, Algarvios e Burros Brancos. É criá-los, e matá-los!!! Espanhóis são sempre os últimos a ser atendidos…” 
Rematou a senhora.
Eu, natural de Faro, ainda disse entre dentes, “Eu também não gosto nada de Algarvios... Mas a moça  não é espanhola… É portuguesa... Ela só queria o menu,... com o ovo... À  espanhola!!!”
Na Portvgália, está à vista, só Portugal!!!
Boas corridas!


(Apesar de um “floreado” ou outro  que acrescentei ao episódio da Portvgália, ele aconteceu mesmo. Mas sou incapaz, de passar a ideia que fomos mal atendidos, quando não fomos. Antes pelo contrário, o episódio foi  caricato e cheio de diversão. Foi apenas um dos muitos episódios)






4 comentários:

  1. Olha lá ... bela posta esta, a sério. A corrida é isto tudo, amigos, festa, comer&beber e correr um bocado tb. Olha, a tua Maratona de Lisboa foi quase o dobro da minha de Roma ... nada mau. Parabéns.
    Abraço

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    1. Nós somos pessoas à frente do nosso tempo. Estamos a acrescentar distâncias a uma prova muito conservadora. Essa é que é essa!!!
      Obrigado e um forte abraço!

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  2. Muitos parabéns ao maratonista Zuka!
    E um abraço a ti (curiosamente, das 9 vezes que parti em Maratona, desisti numa, por um inesperado problema físico. Sensivelmente no local onde abandonaste e também a fazer de padrinho numa estreia...)

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    1. Olha as coincidências João. Ainda por cima fez-me desistir da maratona do Porto que aí vem. Boa prova para ti, desde já.
      Ficou a prova do Zuka. Nunca pior.
      Forte abraço.

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