Reciclagem!
Reflexao 27/09/2014!
A maratona do ponto de vista de um atleta de baixa competição!
Uma Maratona de Outono, Lisboa 2014!
Tinha dado por concluídas as reflexões, mas mudei de ideias. Sempre que se justificar as reflexões voltam á rede. E desta vez é para falar da prova que motivou o aparecimento das mesmas. Rock’n’roll Marathon Lisbon 2014. Vou tentar é manter sempre um certo e determinado rigor científico como é hábito!
Se nos propomos a fazer uma Maratona no Outono, a que vamos estar sujeitos?
Qual é a estação do ano que precede o Outono? Quando é que faz calor a valer, contraproducente ao treino? Quando é que as pessoas necessitam de ir á praia? Quando é que tenho mais trabalho, logo menos tempo livre? Quando é que as pessoas tiram algumas férias? Quando é que se fazem mais festas? É no Verão pois claro!
Com todas estas interrogações parece condenado ao fracasso qualquer plano de treinos que seja. Pelo menos muito longe da perfeição!
Qual é o melhor sítio para começar uma Maratona?
É na estação da CP da Funcheira, então havia de ser onde!
Dado ao facto de terem antecipado e bem a hora da prova tive que ir de véspera. Como tinha boleia do autocarro da Câmara na volta decidi ir de comboio para evitar o regresso de carro a conduzir.
Eu já disse mais do que uma vez que as situações caricatas chocam comigo a alta velocidade, voltou a acontecer.
Na Estação da CP da Funcheira, enquanto esperava pelo comboio meti conversa a um senhor idoso que por lá se encontrava. Duas ou três perguntas básicas acerca do dia á dia na zona e o que tinha feito quando trabalhava. Foi o suficiente para entornar o caldo!
O homem de fraca figura fez sair cá para fora um gigante revoltado/indignado que tinha dentro de si, disposto a derrubar governos. Um residente nos arredores da Funcheira. Imaginem!
Entre inúmeros impropérios, resumo tudo numa frase em que tive que alterar/omitir algumas palavras.
“ Portugal já não têm Homens,…! Homens capazes de pegar numa espingarda ir a Lisboa e dar um tiro na cabeça dum gajo daqueles”!
A Sandra e a Bárbara que me acompanharam á estação testemunharam a actuação do idoso revoltado.
Fui obrigado a sentir-me uma menina. Então eu ia a Lisboa e não levava uma espingarda para dar um tiro na cabeça dum gajo daqueles. Que raio de Homem era eu? Pensei!
Lá segui cabisbaixo. Se calhar não! Vá, não segui cabisbaixo!
Pensei foi, que tenho uma sorte incrível de encontrar motivos para me divertir nos sítios mais improváveis. É claro que também faço por isso, “tá-me” na massa do sangue!
Dividi a viagem entre comboio, metro e autocarro. Logo eu que tenho o hábito de não dar um passo para lado nenhum sem ser eu a conduzir. Só isso foi uma experiência, mas havia tempo e disponibilidade para tudo.
Agora o saudosismo. Quando soube que tinha que ir de véspera tentei e consegui ficar na Pensão Setubalense em Belém. Onde tinha ficado aos 18 anos na tradicional inspecção militar!
Tudo diferente, portas inteiras, paredes limpas, casas de banho a funcionar com muita higiene, nenhum barulho á noite e ainda por cima a dona da Pensão que tinha na altura 127 anos já tinha morrido.
A noite passou de uma forma muito normal. Conferir tudo o que se ia utilizar na prova, um jantar para acumular reservas de energia e uma noite mal dormida. Então eu já tinha dito quem não se sente não é filho de boa gente, é normal para atletas de baixa competição que apareça um pouco de ansiedade. Faz com que se acorde mais vezes do que seria necessário, tudo normal!
Viagem tranquila de comboio de Belém para Cascais às 6h40.
Á chegada a Cascais novo episódio caricato. No dia da prova com os dorsais da mesma temos transportes grátis na capital. Só que temos que adquirir um cartão para abrir os torniquetes nas chegadas das estações. Num comboio cheio de maratonistas quem é que tinha feito isso? Ninguém pois claro! A solução seria pedir a quem tinha cartão (pessoas que não iam correr) e tentar passar duas pessoas antes das portas fecharem. Resumindo uns ficaram encarcerados pelas pernas, outros pelas mochilas, etc. Até que um funcionário num dos extremos da estação (que estava lá para o efeito) já farto de se rir falou alto e disse:
- Então e se passassem aqui onde estou que a porta está aberta!
Risada geral! Felizmente eu ainda não tinha tentado a minha fuga. Momento de plena descontracção que ninguém poderia prever. Muito, muito bom!
Já no local da partida o afinar da máquina, o aquecimento. Para mim é um período de 10 minutos em quem faço uns trotes, umas fugidas de cão (nome técnico para acelerações), umas biqueiras, uns calcanhares e já está. A partir daí só já faltam 42Km!
Não vou pormenorizar os kms de atletismo da prova porque isso seria maçador. A Maratona em si correu dentro das minhas expectativas. O tempo final estava mais ou menos implícito nos meus treinos, só que o facto de sofrer de taquicardias (nunca sei quando aparecem) não quis revelar objectivos. Ao nível do esqueleto sabia que estava preparado para passar o Cabo das Tormentas dos atletas de baixa competição. Que é baixar das três horas de corrida na prova rainha do aatletismo!
Não posso mentir e dizer que foi fácil. Não foi! Mas eu não fui á procura de facilidades, fui á procura de tentar cumprir o que tinha acordado comigo. Que era nunca me esquecer que “ O sofrimento é temporário mas a glória é eterna”. Li isto num blogue de corrida de um amigo (Papa Kilometros ), há dois anos. Carlos, foi uma das frases que correu comigo todas as dificuldades da corrida, ajudou bastante!
Não dou importância de mais á classificação das provas porque a este nível de competição não tem nada a ver com isso. Estabeleço metas pessoais e tento melhorar, só isso, tento melhorar!
E esse foi o espírito de todas as reflexões aqui apresentadas. Mas confesso que o facto de escrever todos os Sábados uma reflexão a brincar com os treinos semanais, fez com que sentisse maior responsabilidade de fazer uma prova digna de registo. Para que, quem acompanhou as crónicas não ficasse a pensar que era só conversa de circunstância. Mas se há uma coisa que eu não tenho medo é de responsabilidades. E isso foi mais um factor de motivação!
A conclusão desta maratona é dedicada a todas as pessoas que de forma directa ou indirecta participaram na preparação da mesma.
Fica uma dedicatória especial a todas as pessoas que acompanharam as reflexões semanais “A maratona do ponto de vista de um atleta de baixa competição!” Quem quiser, pode sempre viajar no mural e consultar uma ou outra que não tenham tido oportunidade antes!
Dica do atleta:
Disse algumas vezes que para a obtenção de resultados temos de treinar. E que o treino compensa. Nunca é de mais sublinha-lo!
Pus duas fotos minhas na publicação!
Reflexão técnica/científica:
Então se o Verão é um dos maiores obstáculos como fazer para o contornar.
Em primeiro lugar, tenho a sorte de vir equipado com pouca necessidade de dormir, e isso ajuda bastante!
Em segundo lugar, muita força de vontade!
Em terceiro lugar, o gosto que tenho pelo treino, raramente não me apetece treinar. Seja ás 5 da manhã, seja ás 9 da noite. E se não me apetecer vou na mesma!
E em último lugar, mas o mais importante. A melhor forma que existe para ultrapassar dificuldades!
O querer.
Mas não basta só querer.
Tem que se querer muito!
Ora vamos lá ao "Plus"!
Uma maratona de Outono toda cheia de simbolismo!
Fui repetir Lisboa porque na edição anterior as taquicardias não deixaram aproveitar como devia ser! Foi muito bom!
Foi a primeira prova que consegui baixar das 3 horas, só eu sei o bem que soube! Foi um cesto de cerejas em cima do bolo!
Como digo na reflexão, esta maratona é a culpada do aparecimento da "escrita"!
Para lá de deixar registado pensamentos, emoções, sensações da altura, ainda acabo por me divertir com isso!
É uma das coisas que se pretende com a corrida, pelo menos para mim, a diversão!
Haja diversão!
Costuma dizer-se que não há duas sem três, qualquer dia volto a repetir Lisboa!
Boas corridas!
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